sábado, 15 de dezembro de 2018

Aquaman | Crítica




          Estou muito envolvido com a criação do jogo Metanoia, mas tive que vir fazer a crítica do filme mais corajoso de 2018. Sim, pois a DC conseguiu seguir a fórmula da Mulher Maravilha e produzir um filme divertido, colorido e baseado nos quadrinhos a ponto de colocar um brutamontes em um collant laranja e falando com os peixes com o tradicionalíssimo (Superamigos) poder em ondas e respeitando até o som original. E para isso contratou como diretor James Wan, diretor de A Freira, Jogos Mortais, Anabelle, Gritos Mortais, Invocação do Mal, Sobrenatural: A Origem, A Casa dos Mortos e o acelerado Velozes e Furiosos 7. Imagino que o tenham escolhido por este último...
          Aquaman tem tudo, simplesmente bate todas as referências (sim, ele anda em um cavalo marinho com um tridente na mão) e ainda entrega ação, humor, lutas bem coreografadas (quem não for ver, nunca assistirá Nicole Kidman sentando a mão nos stormtroopers, digo, guardas da Atlântida), Kaiju, ficção científica sem explicações, irmão ciumento mal amado, cena pós créditos e a incrível e imponente batalha do sushi (é sashimi para todo o lado)!
          Os atores estão ótimos. Jason Momoa estabeleceu um Aquaman distante dos desenhos (o que é muito bom) e próximo do Arthur Curry das boas histórias em quadrinhos do herói. Mas ainda acrescentou um humor bem vindo ao herói sério e responsável que conhecíamos, mantendo o perfil que apresentou no filme da Liga da Justiça. Mera é guerreira, mas atua como o cérebro da equipe, impedindo que o tom do filme saia da aventura humorada para a comédia desenfreada. Patrick Wilson consegue exprimir tudo o que se espera do irmão ganancioso e egocêntrico (megalomaníaco total) de Arthur, criando um vilão acertado para a trama. Mas optaram por já apresentar o icônico Arraia Negra ao filme, interpretado por Yahya Abdul-Mateen II. Este incorpora a vingança pessoal e irrestrita que só se contentará com a eliminação do herói.
          Nota? Leva um 4,7. Não dou 5, pois espero que a DC ainda entregue produto ainda melhor.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Aplicativos envolvidos

Eliza - Metanoia

          O trabalho segue incessante na criação do Game. Vencidas as etapas de ambientação, identidade gráfica e desenvolvimento da trama, estabelecemos as ferramentas de trabalho. Para a arte gráfica adotamos dois aplicativos:

O Piskel


          Para criar sprites, adotamos o gratuito Piskel, que possui uma versão web e um aplicativo para baixar e instalar. Há instruções e mais informações em seu site: https:
//www.piskelapp.com/
         Além de leve, o aplicativo é simples e intuitivo. A partir da definição do tamanho e da palheta de cores, é fácil criar uma animação utilizando recursos de editores mais famosos, como layers e ferramentas de seleção.

O Pyxel Edit


          Para tiles o Piskel se mostrou limitado e optamos por adquirir (menos de 10 dólares) o Pyxel Edit. Esta solução permite criar sprites e animações, mas ganha força mesmo no desenho de fundos e estruturas. Existe uma versão gratuita, mas suas limitações não atenderam à nossa demanda. A ferramenta é boa, precisa uma estudada para aproveitar suas capacidades, mas nada desafiante. pode ser encontrada em:
https://pyxeledit.com/

A Unity 3D


          Para plataforma de construção do jogo, após uma pesquisa que nos levou a ele e à Unreal Engine, optamos pela Unity. Comunidade forte, capacidade de compilação para Linux, Windows, PS4, Android, IOS e  XBOX foram itens diferenciais. As duas são muito ricas em recursos e estáveis. Como o jogo é em 2D, acabamos privilegiando a que se encaixou melhor na ideia de "primeiro jogo", por ser bem amigável para desenvolvedores iniciantes.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Jogo Indie


          Já são dois livros escritos e mais de vinte anos dedicados profissionalmente à TI. Então, resolvi estabelecer um novo desafio e convoquei a galera das antigas para esse novo projeto. Somos quatro nesta jornada.
           Estamos desenvolvendo um jogo inicialmente para a plataforma PC (Windows). O cronograma está apertado e após um brainstorm realmente tempestuoso já temos os objetivos e o enredo traçados.

Qual a motivação do jogo?

          O jogador estará na pele de Eliza, uma ex-militar que travará uma guerra solitária contra uma conspiração global pelo destino na humanidade. Contando apenas com um traje nanotecnológico e a ajudada remota de Edo, um hacker de sua confiança, ela combaterá forças terroristas enquanto descobre o que realmente está acontecendo e até onde vão as possíveis consequências dessa luta.


Qual o atrativo do jogo?

          Nossa equipe resolveu focar na história do jogo, para que o jogador se interesse em conhecer as razões e reviravoltas do destino da personagem principal e seu universo. Assim, investimos a maior parte de nossa criatividade em uma história que convença, entretenha e divirta o jogador.


Então não há apelo visual? Estamos em 2018!

          A "pegada" visual do jogo busca um gráfico "pixelado", típico dos anos 80, em um ambiente 2D. Haverá recursos atuais e estamos estudando como enriquecer os efeitos do game e estabelecer uma identidade gráfica atrativa e entusiasmante.

          Todos os gráficos estão sendo desenhados pixel a pixel e estamos entusiasmados com o resultado.


E qual o nome do jogo? Quando fica pronto?

          µetanoia está em seus primeiros passos e ainda solidificando seu cronograma. Logo publicaremos aqui seu avanço, alguns gráficos, data de lançamento e onde consegui-lo.

Projeto em curso!

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Extinção | Crítica


          A NETFLIX tem lançado alguns filmes de qualidade duvidosa, considerados "não bons o suficiente para o cinema". Assim comecei a ver Extinção como mais um filme clichê de invasão alienígena. Como o filme Aniquilação tinha se mostrado acima da média, dei uma chance a mais esse título de ficção científica. E o filme não decepcionou. Começa com um mistério bem sem sal que você logo vê que não vai conseguir te manter curioso, mas as surpresas vem se sucedendo até que o momento da reviravolta chega e você é fisgado. Muitas considerações atuais sobre nós como humanidade, princípios e ética são trazidos pelo filme. É ficção científica boa, com crítica, mensagem, aventura e suspense.
          A trama apresenta um técnico que sofre com pesadelos sobre ataques vindos do céu e cenas de fim de mundo. Com a piora desses sonhos perturbadores, ele começa a crer que são visões do futuro e que deve levá-los a sério. Quando realmente um ataque à Terra ocorre com naves eliminando a população sem misericórdia alguma, inicia-se uma fuga, tentando proteger sua esposa e as duas filhas.
          O ritmo do filme realmente não é o do cinema, o que o classifica facilmente como uma obra para a telinha, mas as falhas terminam por aí. Pode fazer um pipocão, abrir um refrigerante e aproveitar o filme. Nota 3 de 5.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Do Jeito que Elas Querem | Crítica

          Quatro amigas do ensino médio tiveram sucesso em suas carreiras e se reúnem regularmente em um clube do livro. Fazer um filme sobre isso? Então vamos colocar um clima de competitividade entre elas para gerar cenas em que uma sabota a outra, não é? Não. Nem uma invejosa que queira destruir a felicidade da mais bem sucedida? Não. Pera aí, então pelo menos vamos colocar jovens atrizes com corpos chamativos? Negativo. E é na fuga desses padrões que esse filme diverte. Mesmo a ideia de colocar o livro "50 tons de cinza" no filme não deixa o tom da obra partir para alguma solução fácil. O filme fala de amor, de sexo, de namoro, de idade, de família e, mesmo assim, não se torna tedioso, chato ou inverossímil.
          A escolha das atrizes para viver as personagens sexagenárias é muito feliz e a relação entre elas na película é convincente. Bill Holderman, o diretor e roteirista, soube colocar piadas a granel, tornando o filme uma boa comédia que busca retratar com bom humor esse novo olhar sobre a vida. Não é um filme sobre velhas, mas é um filme sobre mulheres maduras que já tiveram toda uma vida e precisam entender como continuar a buscar a felicidade nessa fase tão temida e estigmatizada como nosso final. Nisso, a trama acerta em cheio, pois coloca as protagonistas se arriscando, experimentando coisas novas e gerando consequências que as ensinam, forçando-as a evoluir e se adaptar como em qualquer outra fase da jornada. As atrizes dão um show de naturalidade, demonstrando as inseguranças e anseios femininos, bem como as dificuldades e obstáculos naturais da vida. Não são "um bando de velhas mal amadas bancando menininhas", muito pelo contrário! São mulheres lutadoras, felizes e vencedoras diante dos desafios reais da idade, da sociedade e das próprias limitações humanas.
          Vale o ingresso para quem procura uma simples comédia, mas quem for vai ver bem mais que isso. De 0 a 5, leva 3. "O próximo capítulo é sempre o melhor, junte-se ao clube"!


segunda-feira, 30 de abril de 2018

Vingadores: Guerra Infinita | Crítica


          Depois de 10 anos acompanhando a saga da Marvel nos cinemas, aceitando como início o longa Homem de Ferro de 2008, vemos a conclusão da iniciativa Vingadores. E estão todos lá! Dividindo a tela de forma parcimoniosa e dinâmica os heróis da Marvel se unem contra o anunciado vilão Thanos, poderoso o bastante para enfrentar todo o time dos sonhos da Terra. E como essa é uma crítica sem spoilers, sobre o final só vou aconselhar a que todos assistam a cena pós créditos. É importante para a sequência.
          Bom, sobre o grande desafio de colocar toda essa constelação para atuar junta, os irmãos Russo dão um show a parte. Com diferentes locações em vários cantos do globo (inclusive no Brasil), eles dividem a gangue em turmas e assim vão construindo diálogos e situações que deixam cada herói aparecer. Nem as ausências (Homem formiga e Gavião Arqueiro) são esquecidas na trama. E todos entram em cena respeitando a marca criada em cada filme, como por exemplo a entrada dos Guardiões da Galáxia, com sua marca musical e suas discussões fúteis de colegas de escola do ensino médio ou ainda a chegada fenomenal do Deus do Trovão. Tudo como deve ser. Esse filme mostra bem como a Marvel está amadurecida na telona e a DC engatinhando. E olha que eu sou fã da DC (cof, Batman) de carteirinha.
          Não há momento parado no filme, tudo acontece o tempo todo. Há muita história pra contar e os diretores confiam que você não vai piscar. Nada é explicado em demasia, não há aquele momento em que um personagem para tudo em uma conversa desnecessária para dizer o que está acontecendo. Mas mesmo com toda a pirotecnia de um filme fugido de Histórias em Quadrinhos, o produto entregue tem seu teor de drama, muitas emoções, bom humor e heróis humanos, muito humanos. Para quem leu a qualquer uma das sagas das joias do infinito nas HQ, pode ir ver sem medo. Não há preciosismo em copias a trama original, mas a mensagem está lá na tela e Thanos está muito bem caracterizado. Ouso dizer que o vilão ficou até melhor com a atualização do personagem necessária para a adaptação ao cinema.
           Sobre a trama em si, vemos Thanos, um alienígena disposto a equilibrar o universo eliminando metade dos seres vivos de forma a impedir que os recursos finitos de todos os mundos sejam totalmente consumidos gerando a fome e a miséria. Para isso o titã pretende reunir as poderosíssimas joias do infinito em uma manopla (luva) e assim tornar sua vontade soberana sobre toda a realidade. Uma vez que volta sua atenção à Terra, onde encontram-se duas destas joias, Thanos terá de enfrentar os Vingadores, dispostos a tudo (inclusive esquecer suas diferenças) para impedir o genocídio.
           Uma informação fundamental é que são dois filmes que contam essa trama, ficando para 2019 a conclusão desse arco inicial da Marvel. E olha, terminando o primeiro filme, dá muita expectativa e curiosidade para saber o que os diretores guardaram para o final. Avante Vingadores!
          De zero a cinco? Fica com 4,5 de nota. É um ótimo filme.

domingo, 8 de abril de 2018

Jogador Nº 1 | Crítica


          E se um escritor se baseasse nas obras cinematográficas dos anos 80 para escrever uma obra literária e depois um diretor/produtor cinematográfico se baseasse nesse livro para criar um filme? E se o diretor fosse Steven Spielberg? Claro, poderia ser uma péssima ideia com um diretor velho e desatualizado tentando colocar algo datado para a juventude conectada de hoje. Podia ser um grande erro, como a retomada da série Alien, ou outras retomadas nostálgicas perdidas que temos visto. Mas não é nada disso que vemos nesse filme. Vemos algo atual, para a juventude de hoje, algo com conteúdo sem esquecer a diversão e com mensagem sem ser piegas (ridiculamente sentimental). Mas e se mesmo com essas características o diretor arriscasse colocar centenas (milhares?) de referências a séries dos anos 80 que nenhum jovem tenha idade para ter visto/acompanhado? Funcionaria? SIM! Funciona, e lá estão personagens muito atuais como "posers", grupos de gamers, bullying e discussões atuais mergulhadas em uma trama simples e divertida. O ritmo e a pegada do longa lembra os da trilogia já clássica "De Volta para o Futuro", e sim, a DeLorean está lá, recolhendo moedas em método assemelhado ao jogo Sonic com seus anéis. Nesta crítica resolvi não colocar spoilers, pois não há como fazer justiça às cenas. Confesso que fui ver o filme na expectativa de que, no máximo, ia ver algo tão bom quanto a ótima série Stranger Things e estava de nariz torcido para o Mestre Spielberg, pois achei que ele carregaria na nostalgia e não traria algo jovem. Mas estava redondamente enganado e vi o Spielberg e sua equipe de roteiristas darem um show.


Um mundo acessado por Realidade Virtual
          Sobre o que é o filme? Bem, a humanidade enfrenta o resultado de poluição, desmatamento e pouco caso irresponsável com o ambiente em um futuro distópico. Vivendo em verdadeiras favelas feitas com trailers, a sociedade foge da realidade para um mundo/jogo em realidade virtual chamado OASIS. E a aventura começa quando o controle deste mundo virtual é colocado em jogo por meio de desafios (quests). Assim, qualquer um que tiver sucesso em vencer esses desafios ganha o controle do OASIS e dos milhões que ele arrecada. É um grande jogo virtual com um prêmio bem real e todos no mundo estão interessados, de gamers ocasionais até companhias de tecnologia!


Moradias semelhantes a favelas
          Algo interessante e uma referência (intencional?) é que é o filme mais repleto de Easter Eggs (ovos de Páscoa) que eu já vi e foi lançado justo na Páscoa.


Muitos Easter Eggs!
          Não li o livro, o que me permitiu ter uma visão livre do filme. Ao sair do cinema já me comprometi a lê-lo, encantado que fiquei com o universo do filme. Sabe quando você termina um Game e fica vendo os créditos passarem, feliz por ter alcançado o objetivo, mas decepcionado por não seguir com o jogo? Saudoso por não se relacionar mais com aqueles fantásticos personagens? Esta foi a sensação ao tirar meus óculos 3D no cinema. Fora que eu vivi os anos 80, o que me permite dizer que o filme é um buraco de minhoca que liga o hoje (essa juventude, com seus sonhos e dificuldades) com o ontem (aquela juventude, especialmente nós geeks e nerds) de forma respeitosa e fraterna.

E muito mais Easter Eggs!
          O filme trata dos avatares que possuímos nas redes, na realidade que nem sempre eles espelham nossa aparência, gênero, idade, tamanho ou qualquer outra característica. Trata do tempo on-line cada vez se apropriando de mais e mais tempo da vida real. Trata de uma equipe, de amigos e de como isso pode funcionar, apesar das críticas atuais. E principalmente, mostra para quem não trava contato com essa "realidade" o porquê de ser tão sedutora essa experiência. Está tudo lá, correndo do Donkey Kong, saltando com o Match 5 sobre o batmóvel, desviando do Gigante de Ferro e lutando ao lado de Gundam. Assistam o filme! Se não gostarem venham aqui e deixem seu comentário!!!

          Nota de 0 a 5? Esse é um filme nota 5.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

As Brigadas Fantasma | Resenha


          Depois da divertida leitura de A Guerra do Velho, fica impossível resistir à sua sequência "As Brigadas Fantasma". John Scalzi está mais sombrio agora, pois embora mantenha o foco nos personagens, embrenha-se mais na política de uma raça belicosa chamada humanidade. Brigada Fantasma é o apelido dado às Forças Especiais da União Colonial (UC), que apareceram no primeiro livro e agora são o foco da narrativa. Novamente a tradução está impecável e é bom deixar claro que dá para ler esse livro sem conhecer seu antecessor, mas tem um sabor especial para quem lê na sequência, pois vemos novamente a personagem Jane Sagan, das Forças Especiais da UC.
          A trama tem surpresas e reviravoltas, mantendo o leitor preso enquanto apresenta a descoberta de um complô inédito de três espécies e um traidor para erradicar de vez a humanidade do universo. As Forças Coloniais de Defesa (FCD) decidem resolver esse problema com missões suicidas de alto risco em vez de utilizar ataques frontais pesados. Para essas ações cirúrgicas são então empregadas pequenas equipes de soldados super qualificados e treinados, bem como melhorados geneticamente ao extremo: As Forças Especiais.
          O autor consegue passar muito do companheirismo e do espírito de cumprimento do dever dessas equipes especiais desde seu nascimento (fabricação?) até o ponto de escolha entre suas vidas e a missão. Perdas de amigos colorem a narrativa, que é mais focada no combate, lembrando um pouco o fantástico "Jogo do Exterminador" (Ender's Game). Mas temos também família, amor e livre arbítrio como conceitos que temperam bem a trama, impedindo que confundamos os personagens com máquinas de matar. Nesse quesito, o livro nos coloca mais próximos das outras espécies, abrindo questões interessantes não só de política externa e diplomacia, mas também sobre o que nos faz humanos e que tipo de humanidade encontramos no radical recurso da guerra. A crítica à guerra e, principalmente, ao quanto devemos utilizar de outros meios antes de a adotarmos como solução está mais clara neste volume.
          A velocidade e fluidez do texto salpicada com algumas explicações de conceitos científicos são boas, mantendo a alta qualidade da narrativa e agradando tanto os fãs de Ficção Científica quanto de aventura. Só senti falta do bom humor do protagonista do primeiro livro. E até essa falta de humos das Forças Especiais faz parte da trama! Um livro muito bom. Leva 4,5 e já aguardo a tradução do próximo volume deste universo.


terça-feira, 30 de janeiro de 2018

A Guerra do Velho | Resenha



          Tenho um amigo que me disse a um tempo atrás que tudo já foi escrito, que todas as histórias e conceitos já existem e que livros e filmes só ficam contando-as de forma requentada. Realmente vemos muita coisa recontada. O excelente filme Avatar é comparado a Pocahontas e por aí vai. Mas de repente, cai no seu colo um livro como "A Guerra do Velho" de John Scalzi e você vê que ainda tem muita coisa boa a ser escrita e prazerosamente lida. Ressalto que com a tradução competente de Petê Rissatti, a versão brasileira não deixa nada a desejar, mantendo o frescor, a intensidade e a irreverência do original.
          Bom, o que há de tão inovador? Scalzi nos coloca na pele de um senhor de 75 anos que visita o túmulo da sua amada esposa, precisa constantemente ir ao banheiro e não vê mais um lugar para ele no mundo em meio às dores em seu corpo naturais da idade. O protagonista John Perry trabalhou em Marketing, teve uma boa vida, um filho em carreira de sucesso e nos conta em primeira pessoa que sente a morte se avizinhando. Empolgante? Pois é, mas aí ele se alista em uma força militar espacial, as Forças de Defesa Coloniais (FCD), e vai para o treinamento de combate em outro planeta! Entre os vários motivos que o levam a esta decisão radical está a sua esperança de que as FCD, reconhecidamente mais evoluídas tecnologicamente do que todas as nações da Terra, o tornarão mais jovem. A partir daí começa a evolução do personagem em uma segunda vida, entra a parte de ficção científica e muita aventura e bom humor tornam a leitura rápida e fluente. Devorei o livro em quatro dias!
          Embora haja algumas explicações de conceitos, vejo que mesmo não apreciadores de ficção científica vão gostar da leitura. O livro é acima de tudo sobre o ser humano e, é claro, sobre a guerra. Há uma crítica óbvia à guerra e principalmente sobre não se pensar bem antes de empregar esse recurso, mas nenhuma pregação. Simplesmente vamos gostando dos personagens e vendo eles morrerem de forma estúpida em combate. Não há muita coisa sobre táticas e estratégias, somente o necessário para vermos que estamos em combate e seguirmos o protagonista em suas descobertas e amadurecimento em sua carreira de sucesso como líder combatente. E há romance, mas não falarei disso para não entregar demais.
          Uma característica fundamental para o frescor e alegria na leitura é a personalidade jovial e bem humorada de John Perry. Ele é aquele velhinho boa praça, um espírito jovem enclausurado em um corpo decadente. Sua visão irônica e viva torna a leitura divertida e leve. O autor sabe manter o leitor curioso pelo que vai acontecer a seguir, fazendo você devorar as páginas sem perceber. É uma obra nova, com algum cenário conhecido, mas com conceitos novos. Não falei nada sobre o rejuvenescimento para não estragar essa sequência que é bem interessante. De 1 a 5, dou nota 5 e já estou lendo a sequência: "As Brigadas Fantasmas".