terça-feira, 14 de novembro de 2017

Conto Original - Tropa Estelar

  Em 1995, quando ainda morava em Santiago - RS, tinha um grupo de amigos que jogavam RPG em minha casa. Tínhamos até nome, éramos a "Tarrasquemania" com direito a camisa do grupo e tudo mais. Após o grupo chegar ao 15° nível de experiência em "Advanced Dungeons and Dragons - Second Edition" decidi criar um sistema próprio com temática de ficção científica. Ainda tenho os arquivos escritos em Word 2.0 com esse RPG que recebeu o nome de Tropas Estelares. Nesse material, para dar o ritmo e o tema do jogo, incluí um conto. Era algo com viagem no tempo, jornada do herói e tiros. Esse mesmo texto foi a origem do meu primeiro livro "Gênese - Legião Estelar" de 2003. Segue abaixo o texto original do conto:


Pela verdade e pela vida

  É difícil acreditar no que aconteceu. Se eu soubesse o que viria pela frente, não sei se seria voluntário para a viagem. Quando Risc me falou da máquina e da chance de mudar toda aquela realidade negra e desoladora eu o chamei de louco e quis ignorá-lo. Mas ele estava totalmente são, e acabou me convencendo a, nos últimos dias de Kaird, segui-lo até seu laboratório. E lá estava a máquina. "A salvação do universo", dizia ele. Uma parafernália feita de sucatas e ligada a um dispositivo nuclear. Voltei a chamá-lo de doido e perguntei onde ele estava com a cabeça para, a 72 horas do fim do planeta, me trazer para ver uma bomba nuclear. Mas não era uma bomba, era... Por Gn! Era um dispositivo temporal capacitado para uma única viagem e capaz de levar apenas uma pessoa. Ele começou a explicar apressado e por palavras rebuscadas a sua teoria sobre o tempo não linear. Eu confesso que até hoje não sei o que ele disse, mas entendi o seu intento: Mandar-me para o passado para evitar que os jacais derrubassem os antigos zanires. Era muita loucura junta! Todo o universo sendo tragado pela morte negra e um velho maluco com um dispositivo nuclear caseiro! Mas eu era um ser desenganado com o futuro, e o velho me dava esperanças de salvar toda a realidade conhecida. Sentei e resolvi entender o que ele tentava exaustivamente dizer. Foi então que ele me explicou que, antes dos jacais tomarem o poder, os planetas eram governados por zanires pacíficos, que só se interessavam por política e lucros monetários. Bem diferentes dos jacais que, depois de conquistar, escravizar e explorar mais de duzentos planetas, começaram a sonhar com a conquista do universo e acabaram desencadeando o efeito dimensional que agora destruía todo o cosmo. Ignorantes gananciosos! Destruíram o que queriam dominar... Afinal, para que mexer no equilíbrio multidimensional?
  Depois de muitas explicações, finalmente entendi que ele queria que eu avisasse a um tal de Ken, o último zanir dos Kariles, quando e como seria o golpe de estado dos jacais que já estavam infiltrados em seus domínios. Mas, se eu nem sabia da existência desse tal zanir, como é que Risc sabia da data e dos detalhes dessa tomada do poder que teria acontecido no mês das brumas do ano 5.037? Afinal, estamos em 5.152 e não há jornais ou livros desde a "queimada de informações públicas"... Foi então que ele me deu o diário de seu pai que, segundo ele, participara desse golpe! Risc era filho de um dos traidores do zanir, um traidor da própria vida! Uma repulsa quase me dominou, mas consegui manter a calma ao ver as lágrimas azuis rolando pelo rosto de Risc e perceber que talvez houvesse uma chance de vida para toda a existência! Perguntei o que tinha que fazer e a resposta veio entre espasmos de choro: "Vá, volte à época em que a liberdade ainda existia e evite que os jacais tomem o poder em Kaird. Este foi o primeiro planeta a cair em desgraça. Leve o diário e consulte-o para saber como evitar a derrocada do imperador Ken". Sentei no assento de alumínio e fiz a minha última pergunta a Risc: "Por que eu?". A resposta foi seca: "Leia o diário". Então tudo ficou negro e eu me rendi à inconsciência.
  Acordei sentado em um sofá. Corri para a janela e não contive um grito de alegria quando vi as moradias intactas e o povo nas ruas... Logo reconheci o local. Estava na casa de Risc, o que me deu a instantânea ideia de matar seu pai. Mas a moradia estava vazia e aparentava estar abandonada a alguns dias. Para sair tive de arrombar a porta da casa. Mas assim que pus os pés para fora da casa tive vontade de morrer. Vi uma nave com a bandeira jacal descendo no palácio imperial. Em desespero, perguntei ao primeiro que passou o porquê daquele abuso! A resposta queimou meu peito: "Onde você estava? Têner tomou o poder a duas semanas. Nosso imperador está preso nas masmorras do palácio e o exército de Kaird teve de entregar suas armas para que o imperador e a imperatriz não fossem queimados na praça da desonra! Por Gn e Ginai, todos sabem disso!". Perguntei a data em que estávamos e, depois de ouvir muitas ofensas, descobri que estava três semanas depois da data que Risc tinha me dito. Ele errou algo. Aquele filho de um traidor tinha errado alguma coisa!
  Carrego meu fuzil enquanto meu avô não chega... Lembro a primeira vez que o vi, descendo de seu cruzador no meio do jardim imperial. Têner, o jacal karile. O dono supremo do Planeta Kaird! Tive que vê-lo destruir a crença que meu povo tinha em honra e justiça. E não era só em Kaird, na semana que se seguiu os jornais anunciaram a tomada de vinte planetas vizinhos. Quando o Planeta Lar caiu, as últimas esperanças de resistência se dissiparam como fumaça em um vendaval. Mas eu não tinha ficado parado. Em Kaird seria impossível derrubar o jacal, mas no Planeta Lar a coisa era diferente, diferente dos kariles, os humanos não costumavam obedecer às ordens de seus governantes. Viajei clandestinamente em um voo de suprimentos e cheguei ao planeta humano. Duas quadras após sair furtivamente da nave, fui abordado por uma gangue de assaltantes altamente bem armados. Matei dois instantaneamente com meus ferrões e, com os corpos ainda fincados nos punhos, usei-os como escudos. A reação foi a gargalhada do líder deles, que perguntou quem era eu. Apresentei-me a ele e lhe expliquei meu intento: Entrar como cozinheiro na nave de diversões que levaria a comida e as fêmeas para a festa de vitória que aconteceria amanhã à tarde no palácio do alvorecer e matar o jacal humano. Ele deu uma nova risada e afirmou que eu estava alucinando. Disse que não haveria festa amanhã, que não houve vitória alguma! Apontou sua metralhadora para mim e ia puxando o gatilho quando um holovisor da loja à nossa frente, num boletim de última hora, descrevia a destruição do último foco da resistência humana contra Weider, o jacal humano. Gn estava do meu lado! O líder da quadrilha, a qual já me cercara e retirara seus companheiros de meus ferrões, baixou a arma e me fitou por um longo tempo. Entregou a metralhadora a um de seus homens, ergueu a mão direita e disse: "Muito bem, cara de grilo, quantos homens você acha que conseguem se passar por cozinheiros sem chamar atenção?". Ergui minha garra, ainda manchada de sangue e, apertando sua mão com firmeza, respondi: "Dois". E ele, com um sorriso metálico, disse que assim seria. Iríamos os dois.
  A festa estava bem animada. A comida que compramos pronta parecia satisfazer os políticos humanos, mas levou quase uma hora até que o primeiro caísse com o entorpecente que colocamos no vinho. Como haviam se descuidado! Ninguém notou que nossos crachás de segurança eram falsos! Marcus me perguntou o que faríamos agora e eu respondi sorrindo: "Vamos chamar a imprensa!". Quando os meios de comunicação chegaram, encontraram os políticos acordando e a cabeça do jacal em cima de uma grande bandeja dourada na mesa principal. É claro que deixamos um bilhetinho: "Esta festa comemora a primeira vitória da justiça! O fim dos jacais é uma questão de tempo!". Outro jacal ocupou o lugar do falecido Weider e explodiu um bairro inteiro como represália ao atentado. Mas não podíamos parar, começamos as sabotagens e, duas semanas depois, explodimos a fábrica de armamento usada pela tropa jacal. Desta vez foi uma cidade humana que foi pelos ares em represália aos meus quinze homens. Eu precisava de mais poder! Marcus espalhou a notícia de que todas as gangues da cidade deveriam reunir-se na galeria principal do sistema de esgoto da cidade. Às duas da manhã eu subi a um pódio improvisado e, num rápido discurso, convidei todos a largarem a vida infrutífera que levavam e seguir-me na salvação do universo. A reação foi violentamente contrária, ameaçaram me linchar, e, quando meus homens já levantavam as armas para me defender eu gritei: "Estúpidos, eu estou lhes oferecendo um ideal decente!". O tiroteio começou e só eu e Marcus sobrevivemos. Sem homens, Marcus me seguia cada vez mais taciturno. Chegou nas ruas uma notícia interessante. Dizia-se que Castro, o rei das gangues, reuniria toda a escória das ruas no ferro velho da capital. Eu sabia, por meio do diário, que Castro estava na folha de pagamento dos jacais. Eu não poderia ignorar essa reunião...
  Marcus não concordou com meu plano e seguiu seu caminho. Mesmo só, fui até o ferro velho. Castro era um ciborgue, a única coisa que ainda não era sintética em seu corpo era a cabeça. Devia ter quase três metros e usava uma roupa de couro negra com correntes espalhadas pelo corpo. Até eu me impressionei, imagine então essa juventude inexperiente, sem fé no futuro e desesperados por uma força qualquer que os protegesse, que fosse mais forte que o sistema podre que os rodeava... O ciborgue gritava com a voz eletronicamente aumentada: "Eu sou o poder! Eu sou a salvação! Eu os conduzirei ao prazer! Não há restrições para nós! Somos jovens! Somos o futuro! Nós somos eternos! Destruam tudo! Construiremos um novo mundo com completa liberdade sexual e ideológica! Sem governo! Sem leis! Sem tristeza! Só com prazer! Eu os levarei ao paraíso! Eu sou seu Deus, eu sou imortal!". Foi aí que eu não me contive mais e expressei toda a minha forma de pensar em um discurso longo e psicologicamente trabalhado: "NÃO!!!". Fez-se o silêncio e Castro perguntou indignado: "Quem foi o cadáver que disse isso?". Quando respondi que tinha sido eu, os jovens se afastaram e abriram um caminho até seu mentor. Eu realmente entendia porque Marcus tinha me abandonado... Era loucura... Mas eu tinha que tentar! Resoluto, dirigi-me até o ciborgue com passos decididos. Ele riu, levantou seu lança-granadas e fez mira em mim. Parei e bradei: "Ó eterno, precisas de um lança-granadas para terminar com a resistência de apenas um ser? Como és forte!". Começaram os murmúrios entre a plateia. Castro sentiu a fragilidade de seu poder, jogou sua arma ao chão e retirou o casaco, mostrando seu corpo sintético, uma verdadeira máquina de guerra repleta de servo-motores de máxima potência e chapas de aço tão resistentes quanto as mais modernas armaduras. Com um gesto, ordenou que abrissem espaço e se aproximou. A quatro passos de mim começou a falar de novo: “Ora, o que temos aqui? Um alienígena metido a profeta! Pensei que tinha sido pulverizado naquele seu discurso pacifista pela justiça! O que veio fazer aqui? Me convencer a rezar? Montar um mosteiro com todos nós? O que vocês acham?” Gritava ele para a multidão que nos rodeava. “Vamos todos orar e pedir às entidades cósmicas que espantem toda a maldade para longe de nós? Cara, eu vou te estraçalhar, e provar como acabam todos aqueles que se põe no meu caminho, no caminho dos jovens, no caminho do futuro! O que me diz disso, ô caranguejo?” Apenas pus meus ferrões para fora e assumi posição de combate. O primeiro golpe foi dele, a multidão gritava e vibrava. O casco de meu braço direito rachou. Recuei. Com uma das mãos ele quebrou meu ferrão direito, foi então que um calor subiu do meu abdômen e tomou conta de todo o corpo, eu já não pensava, apenas atacava tomado por uma fúria insana. Lembranças vinham à minha mente deixando-a como um caleidoscópio de imagens. Em meio à luta eu via minha época, o terror, a chacina de planetas inteiros, povos aniquilados para satisfazer o prazer dos jacais que se consideravam deuses... Quando dei por mim tudo era silêncio e havia um peso em minha garra esquerda. Por Gn! Eu havia perfurado suas costas em um ponto sem placas entre dois servomotores... Eu? Sim, eu. Num gesto de glória e satisfação interna, ergui Castro sobre minha cabeça e senti meu ferrão penetrar mais fundo em seu corpo.
  Joguei-o no chão e ouvi suas últimas palavras: "Estúpido, ninguém consegue deter os jacais. Voc...". Morreu. Ergui a cabeça e, ignorando minha perna esquerda que parecia quebrada, gritei: "Castro era fraco, temia os jacais! Não há realmente como um homem detê-los, mas juntos nós os faremos comer toda a sujeira que criaram! Se vocês forem covardes como Castro,  fiquem aqui e se enganem com drogas e bebidas, eu prefiro morrer lutando do que baixar a cabeça para que ela seja cortada! Eu vou lutar! Quem vem comigo?". O silêncio permaneceu e eu pensei que era o fim da minha missão quando, no meio da multidão um punho fechado se ergueu e uma voz conhecida gritou: "Eu, pela liberdade e pela justiça!". A alegria ao reconhecer Marcus só foi superada pelo orgulho que senti quando os jovens, aos poucos, foram repetindo o gesto. Quando enfim todos estavam de punhos erguidos, também ergui meu braço direito e gritei: "Pela esperança e pela vida!"
  Meu fuzil está pronto. Têner está demorando... Meu exército não sabe que estou aqui, eles só vão atacar pela manhã, a comando de Rício. Mas desta vez minha missão é outra, Têner não pode estar vivo para liderar suas tropas, pois é um renomado estrategista e pode colocar o nosso último ataque em risco. É o último jacal, a última resistência da antivida. Lembro quando meu exército tomou o Planeta Lar. Tomando posse da tecnologia humana e finalmente com uma base respeitável, em pouco tempo dominamos o Planeta Luz e, deixando os zanires depostos novamente no comando de seus planetas, partimos para o Sistema Belsion. Nosso problema era Ston, pois os crors eram um povo muito pacífico, dedicados à lavoura e à natureza. Uma atitude louvável, que foi aproveitada por Veiga, um jacal da raça fencer. Veiga escravizou os crors e divertia-se vendo-os morrer de pura tristeza. Minhas tropas eram ainda muito inexperientes no combate espacial, o que nos forçava a combater apenas em terra firme. Pousamos em Ston no hemisfério improdutivo, onde imaginei que não haveria tropas jacais. Errei feio, minhas naves foram surpreendidas por uma armada fencer. Enquanto minhas naves eram abatidas, pude verificar que a armada inimiga estava estrategicamente colocada para nos emboscar, o que afastou a hipótese de coincidência. Estava claro que havia um traidor entre nós! Ordenei que minhas naves se retirassem e aguardassem ordens no Planeta Luz. Pus um traje espacial e me equipei com capacete e jato-mochila. Programei minha nave para colidir com a nau capitânia da armada inimiga e saltei pela porta de saída. Dei sorte e minha nave pegou o piloto inimigo de surpresa. Foi uma grande explosão! Grande o bastante para me jogar à distância. Acordei jogado no chão, com o equipamento imprestável e cercado por destroços de naves. Comecei a andar sem rumo e encontrei um garimpo cror onde três fencers obrigavam uns cinquenta crors a trabalhar. Que coisa ridícula... Livrei-me do equipamento e me aproximei das dunas de minério negro. Não conseguia pensar no que fazer até uma ideia suicida passar pela minha cabeça... Joguei-me do alto da duna de carvão e caí no meio de cinco crors. A reação dos fencers foi imediata, sacaram das pistolas e começaram a descarregar em minha direção. Eu, por minha vez, me escondia atrás dos crors. Foi aí que aquelas criaturas cabeça de pedra notaram que quase não sentiam os disparos. Gritei em meio à confusão: "Seus imbecis, é muito difícil somar? Vocês são cinquenta!". Logo que me calei um cror morreu vítima de um disparo dos fencers. Pensei que estava tudo acabado, mas algo despertou dentro daquelas criaturas ingênuas. Em meio a rosnados e gritos contidos, aqueles seres rochosos, que haviam presenciado a morte estúpida de seus entes queridos, partiam em direção a seus captores. Eu quase senti pena dos fencers... Quase!
  Retiro o diário do bolso e me surpreendo em ver que em suas últimas páginas as letras estão perdendo a cor. Pouco a pouco seu texto está automaticamente sendo mudado... A natureza é perfeita. As páginas que minhas ações mudaram embranquecem, mas ainda é possível ler a parte que mais me chocou. A parte que conta como o idiota que estou aguardando confessou ao dono do diário, em meio a uma bebedeira, que havia estuprado uma de suas serventes. Um crime simples frente a tantos outros... Só que ela era minha avó, e a data em que isso aconteceria é amanhã. Destravo minha arma. Ele jamais tocará em minha avó, nem nela, nem em ninguém. O que acontecerá quando eu matar alguém diretamente ligado à minha existência? Não interessa, isso é uma questão para filósofos. O escoteiro é que gostaria disso. Escoteiro... Nunca consegui chamá-lo pelo nome. Um Draco cheio de teorias, honras e tradições. Era considerado um sábio entre os seus, o que, em parte, foi o motivo que me levou a torná-lo meu conselheiro. Mas o que realmente contou foi aquele brilho em seu olhar, ele fitava alguém como se soubesse todos os seus segredos... Nunca acreditei em poderes que não viessem dos músculos ou do coração. Pelo menos até conhecê-lo... Ele opinava sobre meus planos antes mesmo de eu proferi-los, e também localizou o traidor que havia entre nós. Mas vou morrer sem entender porque ele evitava tanto o uso da violência. O mundo era violento e os jacais não iam nos deixar em paz se nós apenas pedíssemos educadamente. Porém eu o respeitava, a ele e à sua maneira de combater de mãos limpas. Aprendi uma série de golpes fantásticos com o escoteiro, mas jamais fui capaz de dar os mais potentes, eu os achava sobrenaturais! Ele dizia que eu precisava entender a doutrina de sua arte para alcançar esses golpes. Uma história de acessar a força interior... Mas no meu interior eu só sentia o sangue correr... Sangue que pedia vingança!
  Passos. Enfim minha vítima se aproxima... A porta se abre e eu disparo assim que o reconheço. Ele é jogado para trás com a violência do disparo, mas ainda teima em viver. Com o casco peitoral minando sangue ele me fita com os olhos arregalados e, antes de tombar sem vida, pronuncia meu nome: "Guiner! Seu filho de um cão sarnent...". Gargalho do sarcasmo contido em suas últimas palavras. Filho, não. Neto! Começo a sentir meus pensamentos se esvaírem... Uma dúvida me incomodara por muito tempo, queria saber o que aconteceria a nossos mundos se outros jacais aparecessem. Mas agora, em meio a este estado de torpor que leva minha consciência, tenho certeza de que, se isso ocorrer, a natureza achará um jeito, uma forma de compensar os erros de seus filhos. E, além disso, assim como sempre haverá jacais, sempre haverá homens de ideal forte e fé na justiça, que lutarão pela verdade e pela vida.
Ideia original de Guiner


Ideia original de Guiner

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